Ministério da Saúde afasta relação entre Coronavírus e infertilidade masculina

Nas últimas semanas ganhou destaque nas redes sociais e em alguns órgãos de imprensa brasileiros uma pesquisa publicada por cientistas chineses alertando que o novo Coronavírus poderia tornar infértil a maioria dos infectados do sexo masculino.
Para esclarecer sobre o assunto, o Ministério da Saúde emitiu uma nota considerando a pesquisa de “pouco valor científico no momento”. Confira o que diz a nota do órgão federal:
"O artigo citado está em fase de pré-publicação e não foi revisado pelos pares, portanto tem pouco valor científico no momento. Esse artigo traz dados preliminares sobre a possibilidade de infecção de células do testículo pelo Coronavírus (COVID-19), porém menciona que não existem dados suficientes para se estabelecer um risco de esterilidade. Outros vírus são capazes de infectar essas células e causar inflamação nos testículos, como o vírus da caxumba por exemplo, no entanto, na grande maioria dos casos, essa infecção não leva à esterilidade. Desta forma, nesse momento, não podemos afirmar qualquer correlação do Coronavírus (COVID-19) com esterilidade. Não há comprovação científica da relação causal entre a infertilidade e a infecção pelo Coronavírus".
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), entre as doenças que podem causar a infertilidade nos homens, estão:
- Varicocele, dilatação anormal das veias dentro da bolsa escrotal, é a causa mais comum;
- Criptorquidia unilateral ou bilateral, ou seja, a falta do testículo dentro da bolsa escrotal;
- Torção testicular, que pode resultar em isquemia do testículo afetado e afetar a produção de espermatozoides;
- História prévia de trauma testicular;
- Infecções do trato genital masculino, tais como prostatite e epididimite, pois podem levar à obstrução do trato reprodutivo e subsequente infertilidade;
- Orquite (inflamação no testículo) pós-caxumba;
- Pacientes com câncer testicular que foram tratados com quimioterapia, radioterapia, cirurgia retroperitoneal, ou uma combinação destas técnicas. Após o tratamento, pode demorar até 5 anos para que o paciente volte a apresentar espermatozoides no seu ejaculado;
- Febre, viremia ou bacteremia podem causar uma disfunção testicular temporária;
- O tempo em que o paciente atingiu a puberdade, já que a puberdade precoce pode indicar a presença de uma síndrome adreno-genital, enquanto a puberdade atrasada pode indicar um hipogonadismo ou Síndrome de Klinefelter;
- História familiar de diabetes mellitus, uma vez que a diabete pode levar à ejaculação retrógrada ou à ausência da emissão seminal;
- Cirurgias vesicais, pélvicas, retroperitoneais e transuretrais;
- Alterações genéticas.
>> Conteúdo produzido por Angelo Davanço / Foto: Freepik
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